"ENTRE NÓS E AS PALAVRAS,
O NOSSO DEVER DE FALAR"
Mário Cesariny, in:Pena Capital
Nem de propósito!
O Jornal 24 Horas de domingo traz uma foto de umas elegantes senhoras, que hoje, por tudo e por nada fazem parte de tudo o que se diz importante neste “País à beira mar plantado”, digo eu, à beira mar prostrado.
Este País, cheio de estupidez, faz moda de tudo o que aparece e que pareça dar uns cobres. Esta coisa de Beachs, Raves, Sachas e outras que tais, que se põem a vomitar ruídos (sim, porque dizer que é música a um “ostinato” rítmico repetido milhões de vezes seguidas em que a célula principal é um som grave de bombo que mais parece um desgraçado a bater com um martelo num caixote, é usurpação de sentido) a altas horas, sem o mínimo respeito pelo meio ambiente (animal) e sem o mínimo respeito pelos habitantes que os rodeiam é totalmente absurdo, senão criminoso.
Será que, como acontece com os limites de velocidade, não há nenhuma entidade pública que se encarregue de medir os limites de decibéis que nos rodeiam?
Será que temos que admitir que tudo o que é moda é admissível, mesmo que entre no limite do contra natura?
E tem isto a ver precisamente com o facto de eu estar a gozar uns dias de férias neste tranquilo barlavento algarvio – Altura -, precisamente a uns 6 quilómetros do sítio onde se instalou uma dessas coisas que se diz da moda - em Manta Rota - que, para atrair os incautos, chama essas miúdas giras que, tal como carne em talho, procuram uns trocos para viver, só porque há quem diga que, elas, por serem giras, são figuras públicas.
E pelos vistos, aliás, pelos ouvidos, parece-me que a Manta está mesmo rota, pois essa coisa de Manta Beach deixa passar esses ilimitados decibéis para fora do recinto e ouve-se aqui, nesta calma terra de Altura, e ainda pior, no meu quarto, a horas que, para quem quer descansar, se chamam impróprias para estar a apanhar com esses estúpidos “ostinatos rítmicos” que “importantes” deejays” “cagam” de cabines, onde eles, sem o mínimo respeito pelo ambiente, se instalam, dentro das melhores condições de audição, que só reservam para si. Os outros? Que se lixem!!!
O Governo, tão atento a determinadas legislações, com uma ASAE a ser rigorosa, às vezes até, de uma forma demasiado incompreensível, deixa passar estas coisas, só porque tem medo de enfrentar a camada jovem. Mas os jovens são o fruto dos mais velhos e são estes que têm a missão de fazer cumprir o que faz parte da forma de ser da nossa sociedade. A sociedade tem regras, e é para isso que nós precisamos de um Governo. Para nos ajudar a viver numa sociedade justa, em que a liberdade de uns tenha como limite a liberdade dos outros e em que a moda deixe de ser lei, como infelizmente parece que é, neste jardim à beira mar deitado.