É evidente que ninguém tem prazer em ir ao Hospital. Muito menos na noite de Fim de Ano.
Desta vez calhou-me a mim esta inóspita experiência, não por estar doente, mas por ser acompanhante de familiar.
Eram 22:30 quando chegámos ao Hospital. Indicaram-nos que tínhamos que esperar para sermos atendidos num gabinete de Triagem. Mas às 23:00 em ponto, quando só já faltava este meu familiar eis que fecha a triagem. Lá me faço refilão e a funcionária volta a abrir a dita. Voltamos a esperar pelo atendimento personalizado, e cerca das 23:30 o doente é chamado.
Ali fico à espera na sala. Trata-se duma sala de tecto baixo, com um buraco aberto, aparentando já ser definitivo. Para nos sentarmos, umas cadeiras que já não via há muito tempo. Incómodas é o único sinónimo que arranjo. Tudo o mais é impróprio. Ao fundo, um telefone de moedas. Todas as vezes que alguém tinha que ir ao telefone, parecia que estava no cinema a ter que levantar-me para deixar passar os que chegam tarde. Mais ao lado, duas grandiosas máquinas de sumos, água e outras coisas para ajudar a passar o tempo. Não havia televisão. Revistas ou jornais também não. Por isso, limitava-me a ver passar o tempo e algumas das ambulâncias que iam chegando.
E chegou o Fim do Ano. Chegou? Ali ninguém deu por ele. Por ali estávamos. Eramos cerca de 12 pessoas. Ninguém disse nada. Cada um para seu lado agarrados ao telemóvel e a discar letras e letras enviadas aos mais queridos.
Não passou por ali o Fim de Ano. Ah! Cerca da uma da manhã, nos altifalantes de chamada, alguém disse, antes de indicar o doente seguinte: "Boas Festas!
E na sala, despida, sem televisão que ao menos nos informasse um pouco do que ia acontecendo pelos outros mundos, houve um ligeiro sorriso. Até que enfim! Tinha chegado o Ano Novo!
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