"ENTRE NÓS E AS PALAVRAS,
O NOSSO DEVER DE FALAR"
Mário Cesariny, in:Pena Capital
Às vezes dou comigo a pensar em coisas que para a maioria poderão ser futilidades.
Para mim também o seriam não fosse ter-me aparecido na conta detalhada do telefone a linda verba de cerca de 3 mil escudos por querer participar no Forum.
A TSF é para mim a rádio que eu mais gosto e que eu mais odeio.
Que eu mais gosto porque me parece uma rádio com liberdade de pensamento, apesar de muitas vezes servir de radar (sonda) às ideias dalguns políticos, e até do governo. É também a rádio que mais explora (no bom sentido) as notícias e tem servido para dar a conhecer muitos assuntos de carácter social que doutro modo passariam despercebidos.
Não posso esquecer o programa do Fernando Alves - O Postigo. Foi, até hoje, para mim, dos melhores programas participativos.
E é a que mais odeio por causa do “diacho” da publicidade! Mas o que é mais incrível é que eu não consigo encontrar nada que a TSF publicite e que me faça falta, a não ser uns comprimidos para a gripe! (lembram-se daquele? -“Eu quero a minha mãe!!!)
Mas voltando ao BELL (digam ao Herman que o Bell se chama Graham e não Alexandre).
Eu não sei se a TSF tem alguma comissão nos telefonemas, mas o que me parece é que existe uma grande exploração por parte do sistema, aquando de programas participativos dos ouvintes, como no Forum ou no Bancada Central.
E vou fazer uma comparação: Imaginemos que vamos a um restaurante onde só existe uma mesa. Alguém almoça, enquanto o dono manda aguardar em fila as pessoas que também querem almoçar e que esperam que o primeiro acabe. Quando chega a nossa vez, o dono do restaurante, apresenta-nos a conta do almoço e do tempo que estivémos à espera, por estarmos a ocupar o alpendre de entrada no restaurante. Seria correcto?
Pois é o que acontece nas chamadas em que ficamos à espera. Quantas pessoas estão ao mesmo tempo em linha, apesar de não estarem a efectuar qualquer serviço? Ou seja, do nº 3622977, a Telecom, Telecel ou TMN poderá receber no espaço duma hora, 60 minutos multiplicados por 10, 20 ou mais clientes, dependendo da capacidade da máquina que a TSF (ou outra) possuam, apesar do serviço de ocupação ser só um. Isto é incorrecto e está a merecer que se reflicta e se fale no assunto.
Mas isto das comunicações ainda se vai no princípio e está a provar-se ser a “galinha dos ovos d’oiro”. Eles inventam mil e uma maneira se nos sacarem mensalmente mais algum fazendo-nos ver das grandes possibilidades dos actuais meios da Internet. Já experimentei. É tudo muito bonito, mas a conta do telefone é que não tem graça nenhuma. Prefiro sentar-me calmamente numa cadeira da Biblioteca Nacional em Entrecampos ou na Universidade de Coimbra. E prefiro mil vezes mais a comunicação através do fax.
Seria bom que este meio não entrasse em desuso. Eu sei porque é que tentam. É que no fax o serviço só é pago por quem envia. Na Internet paga quem envia e quem recebe.
E por aqui me fico. Mais um fax!
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Ao Sabor da pena...
António Simões
1.7.97