"ENTRE NÓS E AS PALAVRAS,
O NOSSO DEVER DE FALAR"
Mário Cesariny, in:Pena Capital
Segunda-feira, 21 de Novembro de 2005
A bacoquice da maior árvore de Natal
Vou-vos narrar um pouco da minha história de hoje que me pôs os cabelos em pé.
Passei o fim de semana em Lisboa. Numa de desintoxicação. Sem computador, sem carro. Há muito que não usava a experiência do comboio. Viagem calma, cómoda, mas...
Há sempre um mas.
Comprei o bilhete através do MB. Viagem para Coimbra marcada para o Intercidades das 19:01 de domingo.
Saio de Algés ás 18:00. Normalmente 20 minutos seriam suficientes. Mas não.
Não contei com a bacoquice lisboeta de ir passear para o Terreiro do Paço, de boca aberta, a ver a maior árvore de natal da Europa.
E assim, os 15 m possíveis de Alcântara a Santa Apolónia esticaram para 1 hora e 15. E o bilhete lá se foi, e o comboio também.
E esta bacoquice acabou por me ficar em mais 13 euros, ou seja 31 euros que a CP me levou para viajar no ALFA das 19:55.
E se vos digo isto não é por causa dos 13 euros nem do atraso.
É simplesmente por esta saloiada de termos todos os teles jornais a passarem a pseudo notícia da maior árvore de natal Europeia, no dia em que nos atiram a imagem de sermos os maiores em sinistralidade, com 950 mortos só este ano(isto é a estatística, porque serão muitos mais), os maiores em desemprego, etc, etc.
Pois esta árvore tem não sei quantos milhares de lâmpadas, mas mesmo ali ao lado, a cerca de 50 m, numa dependência dum ministério, há que tempos que faltam 17 lâmpadas, contadas e novamente requisitadas por uma pessoa minha amiga, mas que não há maneira de serem substituídas.
Meus amigos, costumo dizer que sou Português por obrigação e o resto por paixão.
Às vezes custa muito ser Português, sentindo toda esta incoerência. Um País realmente na miséria a desperdiçar desta forma?!!!
Mas podem dizer: Ah! Mas isso não é dinheiro da gente, é dum banco (não digo o nome para não contribuir gratuitamente na publicidade). E o dinheiro dos bancos é de quem?
A quem é que eles o vão sugar com taxas e mais taxas por tudo e por nada?
Quantos milhões de lucros indecentes não têm tido os bancos nos últimos tempos? E é para isto?
Quanto custou ontem a abertura dessa árvore com a fanfarronice do fogo de artifício?
A propósito, vocês já alguma vez foram ao Hospital, secção de Neurologia, em Coimbra, ali para os lados de S. Martinho do Bispo? Não? Então vão? Mas levem cicerone, porque com mapa ou visão não se safam. E quanto ao resto também não.
Lamentavelmente Portugal é sinónimo de contradição total.