O Porquê das Coisas
A minha actividade profissional leva-me a viajar por todo o País. Isso permite-me abarcar muitos conhecimentos e curiosidades do quotidiano.
Uma dessas curiosidades prende-se com a mania que os portugueses têm de perpetuarem o seu nome e as suas frases, nos bancos do jardim, nas árvores, nas paredes, nos sinais de trânsito, e muito particularmente, nas portas daquilo a que nos habituámos a chamar casas de banho (quanto a mim erradamente), mas que continuam a ser retretes, ou melhor dizendo, serviços de higiene, um pouco até, para nos europeizarmos, pois os espanhóis dizem servicios e os franceses services ou toiletes e os ingleses querem que a gente diga W.C.
Mas esses escritos no interior das portas, às vezes são engraçados, outras, são do piorio, quase se parecem com alguns programas da TV.
Eles representam um pouco do inconsciente recalcado de muita gente, que, naquele isolamento, dá aso à sua inspiração mais profunda.
Neste contexto, também eu me lembrei de provocar a atenção de muitos “saniteiros”.
Resolvi imprimir em folhas A4, algumas páginas dos nossos autores mais célebres.
As primeiras estâncias do Canto I dos Lusíadas, uma poesia de Vitorino Nemésio – Ordeno ao ordenador o ordenado..., uma bela página do romance A SIBILA de Augustina Bessa Luís.
E vai daí, instalei-as com material autocolante transparente nessas tais portas, de norte a sul, por onde ia passando.
A ideia foi imediatamente abafada, pois, as ditas folhas desapareceram.
É que quadras do tipo:
Quer o pobre quer o rico
Medricas ou colossal,
Na sanita ou no penico
Fazem merda sempre igual
São mais fortes.
Mas, atenção! Se essa ideia de aproveitar as portas dos serviços para leituras mais culturais, ou até, para publicidade, vier a pegar, cuidado, há que pagar a patente!
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