Desde o tempo do desvio do paquete “Santa Maria”, era eu criança, que ouvi falar de turras. E fiquei com a ideia de que turra era sempre o mau da fita.
Com a guerra de Angola também me falavam dos turras. E eu lá fui engolindo. Mais tarde passaram de IN a serem os amigos de alguns dos políticos da nossa época.
Com o tempo fui aprendendo que dia a dia vamos convivendo com turras por quanto é sítio.
E quando duas torres tombam na América, todo o mundo estremece. Eu também condeno cem por cento. Detesto turras.
Só que eles parecem como as bruxas. Não os vemos, mas que “los hay, los hay”.
O meu filho dizia-me, num momento de repreensão oral, que “a geração que nos critica é a geração que nos educa”. E isto tem muito a ver com toda esta hipocrisia da sociedade actual, nomeadamente quanto ao terrorismo.
No fim de contas andamos a alimentá-lo a toda a hora.
Não são turras os que semeiam a droga à nossa volta e degradam terrivelmente a sociedade?
Não são turras os que nos falam de penúria e se alargam( dos nossos impostos) em milhões em Expos, cidades pretensamente culturais, campos de futebol, vencimentos chorudos, mas vergonhosos para a TV pública, entre outros exemplos?
Não são turras os que escrevem que “o tabaco faz mal à saúde” e continuam a alargar as suas margens de venda?
Não são turras os que promovem, hipocritamente, a paz, e logo a seguir estão a fazer um negócio de armamento?
E o conceito alarga-se quase indefinidamente.
Na queda das WTC, muitos se foram sem culpa, e os turras, ao que consta, são Muçulmanos, com fulcro num país, também mutilado e cheio de gente inocente, que sofre na intolerância duma tribo.
Mas, como eu gostaria que esses turras tivessem sido Angolanos!
Talvez agora, o presidente Americano estivesse de volta das contas bancárias dum tal “dos Santos” ou dum tal “de Jonas”, e, os jornalistas e turistas, andassem pelas cidades de Angola, a registar a desgraça, de quase trinta anos de guerra.
E trariam as suas potentes máquinas, carregadas de imagens, com torres, chaminés, casas, monumentos, estradas e pontes destruídas por esses turras, sem o mínimo respeito por vidas inocentes, que tombam, indefesas, pela força das armas ou pela míngua duma côdea de pão.
E Angola é só um exemplo, mas que nos dói, porque temos lá o coração.
Certamente que nada substitui as vidas desaparecidas nas torres americanas, além de chorudas indemnizações que os familiares irão receber.
Mas, os desgraçados da guerra, os mutilados, os famintos, os familiares dos “sem sorte no vício”, e até os que vêm os seus impostos mal aplicados, continuarão a sofrer calados, vítimas desta hipocrisia dos “turras” senhores do mundo.
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