Caro amigo Arménio,
Quando resolvi tornar pública a minha opinião sobre o nosso Hino Nacional, é evidente que tinha consciência que ela não é pacífica. E ainda bem. As ideias são para ser discutidas. É da discussão que nasce a luz. Só tenho pena que não tenhamos mais tempo para nos encontrarmos na nossa terra, pelo menos nas festas tradicionais do dia 15 de Agosto, e aí, além de muitos outros assuntos, podermos falar também deste.
A primeira coisa que gostaria de dizer-te é que não há da minha parte qualquer intenção de pôr em causa um dos nossos símbolos patrióticos, a que devemos todo o respeito.
Nem a forma como tenho abordado o assunto tem em vista pôr em causa a hierarquia, na qual te inseres, que muito respeito e na qual tenho alguns amigos, entre os quais, tu, e que muito considero.
É evidente que o conceito de “paz” é muito lato, e nisso todos poderemos ser um pouco incoerentes. A paz não existe, nem dentro de nós próprios. A paz é o final de tudo, e todo o caminho é uma conquista, numa luta contínua.
Mas fazer de toda a nossa vida um acto de “bravura”, não quer dizer que seja um acto de guerra. Bravura é termos orgulho no que fazemos, é aplicarmo-nos ao máximo nos nossos actos.
Em relação ao Hino, caro Arménio, sabes tão bem como eu como ele é cantado, a maior parte das vezes, sem bravura. A não ser em ambientes bem quentes, tipo jogo de futebol, em que todo o cenário faz parte da propaganda futebolística, que, actualmente, quase já é uma praga.
A consciência de ser Português é, actualmente, uma atitude terrivelmente negativa. É muito fácil ver os jovens no nosso País com camisolas com as estrelas americanas. É muito difícil encontrar um jovem com o “escudo” ao peito. Há poucos jovens como o João Maria Tudela, que esta semana invoca o seu patriotismo, num jornal semanal.
De quem é a culpa? De todos nós. Que continuamos a querer que o pensamento seja só o de alguns e não queremos que os nossos jovens pensem verdadeiramente na essência do seu ser e do seu estar.
Cantar o Hino somente porque é um símbolo, então cantemos o Malhão! O Hino tem que ser um símbolo, mas um símbolo vivo, com que todos vibrem. Tem que ser um sentimento. Terás que concordar que com parte da letra actual, conscientemente, não pode ser um símbolo vivo.
Além disso, Portugal existe, como reino, deste 1143, e este Hino ainda nem tem 100 anos. Alguém teve a ousadia de em determinada altura o mudar. Porquê? Certamente que, pelas circunstâncias políticas da altura ele se não adaptava.
Será que não há coragem política, não há bravura suficiente para encarar este assunto a sério? Vamos discuti-lo seriamente!
Não é pelo facto de haver outros países que também têm Hinos do género que vamos continuar a deixar andar o assunto em “banho maria” a ver o que é que os outros fazem.
Ainda bem que escreveste. Eu gostava que este assunto não ficasse por aqui e que outros viessem a terreiro e dizerem a sua opinião sobre este assunto.
Caro Arménio, aparece por cá. A nossa terra precisa de nós. Um abraço.
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