"ENTRE NÓS E AS PALAVRAS, O NOSSO DEVER DE FALAR" Mário Cesariny, in:Pena Capital
Terça-feira, 21 de Outubro de 1997
O ÓRGÃO NOVO da Sé de Leiria
O ÓRGÃO NOVO
OU
OS RENOVADOS ÓRGÃOS DA SÉ DE LEIRIA?
 
Leria, Sé, 19 de outubro de 1997, 16H
“Acabamos de assistir ao magnífico concerto a 2 órgãos e 2 trompetes.
Nos preciosos órgãos de tubos, situados na Capela Mor, recentemente restaurados,  estiveram dois dos mais importantes organistas portugueses. Em cada uma das tribunas, os trompetistas deliciaram-nos com impetuosos diálogos entre os 4 instrumentos.
Manuel Machado, grande organeiro do séc. XVIII não poderia estar mais contente que nós, ao ver repor a História tão querida ao povo de Leiria, e que noutros tempos lhe foi funesta.”
 
Pois... Esta poderia ser uma notícia verdadeira. Mas não é... Leiria perdeu uma preciosa oportunidade de ver enriquecido o seu Património Cultural, repondo a verdade histórica, e a verdade do rico Património desta Sé.
Não quero dizer que o novo órgão da Sé não é uma obra importante. Claro que o é.
No entanto, não é pelo facto de se fazerem coisas relativamente grandes, relativamente caras, relativamente importantes que poderemos deixar de analisar a situação criada e tentar pensar duma forma diferente, quiçá mais correcta.
De facto, a Sé de Leiria poderia estar orgulhosa do seu Património, que também pertence à cidade. Poderia, sem quaisquer preconceitos, exigir todos os apoios, pois os 2 órgãos da Capela Mor merecem que a História e o Património sejam respeitados.
Durante o concerto do passado Domingo, dia 19, sentado num banco da nave central, e enquanto o organista António Duarte executava a Sonata em Dó M de Carlos Seixas, dei comigo a olhar para as magníficas caixas dos dois órgãos de Manuel Machado    (construiu o maior órgão Português para o Mosteiro dos Jerónimos, infelizmente misteriosamente desaparecido já neste século, e foi pai do importante escultor J. Machado de Castro e do organeiro António Xavier Machado e Cerveira), actualmente iluminadas  por potentes holofotes.
Os meus olhos brilhavam de tristeza, pois imaginei o Carlos Seixas e o Manuel Machado, lá de cima, a contemplarem esta insensibilidade em relação a tão belo conjunto da capela Mor.
Os Franceses dilaceraram os instrumentos, mas seria mais fácil repor a originalidade deste conjunto Patrimonial, que efectuar esta obra - o novo órgão.
Depois de folhear o livro sobre o órgão novo, vejo que foram consultadas pessoas, que, aparentemente, têm a seu cargo pesadas responsabilidades litúrgicas e bem assim culturais perante a Igreja. Respeito-as.
No entanto, perante a magnitude da Sé de Leiria, não poderemos aceitar de ânimo leve que um instrumento daquela dimensão venha ocupar e desvirtuar o conjunto formado pela capela mor e capelas do transepto.
A sensatez estética, a harmonia arquitectónica e até as condições acústicas e visuais, ficaram desiquilibradas com esta obra. Nada se poderá desculpar pelo valor da mesma.
Não poderemos dizer que deixamos de ser miserabilistas só porque aplicamos grandes somas em obras de grande estatura física. Deixaremos de ser miserabilistas quando tivermos consciência de que vivemos em Portugal, e que ser Português é honrarmos a nossa História, dignificarmos o nosso presente, para que os vindouros se orgulhem de nós.
Esta obra é importante. No entanto poderíamos ser dignos doutra opção.
É com a História que aprendemos a corrigir situações. Foi há tão pouco tempo - 35 anos. Na Sé de Lisboa cometeu-se erro idêntico. Ainda hoje estamos discutindo esse erro, e continuaremos a discuti-lo enquanto não vier a repor-se a originalidade Patrimonial.
Iremos, certamente, durante muitos anos ouvir os magníficos acordes deste instrumento. Iremos, certamente, continuar a discordar da opção tomada, enquanto o Património Cultural desta Sé continuar aniquilado desta forma.
E porque é nosso princípio a defesa dos mais fracos, neste caso, estes 2 instrumentos, lanço aqui um repto ao Povo de Leiria: Porque não criar uma Comissão que tome a responsabilidade de defender este Património e repor a verdade Histórica do mesmo?
Ou seja, porque não lançar a ideia do restauro dos 2 instrumentos, tornando, assim, vivo o magnífico conjunto arquitectónico da capela mor?
Lanço este desafio, porque não é necessário gastar tanto como para o novo órgão.
Creio que as gentes de Leiria têm capacidade e coragem para esta iniciativa.
Vamos a isso?!


publicado por lamire às 01:34
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