Noutros tempos, quando íamos a um restaurante, era normalíssimo haver o vinho da casa, servido num jarrinho. Hoje ainda encontramos alguns exemplos, apesar das medidas restritivas da lei alimentar requererem regras muito apertadas. Isto teve muito a ver com certos "cientistas" que se dedicavam a transformar uns pozinhos no precioso líquido, que tal como o "whisky de Sacavém", eram (ou são) chamados " a martelo".
Tenho acompanhado a evolução que nos vão apresentando sob a forma de dados científicos acerca dos alimentos que fazem parte dos nossos hábitos. E com toda esta nova vaga da Biogenética, aqui temos em breve uma nova ciência Bio alimentar que nos vai permitir comprar um "bacalhau à lagareiro", sem ter que ir pescar o "fiel amigo" lá para águas longínquas da Terra Nova, ou ter que plantar as batatinhas no quintal.
Eu já há muito que falei de que os restaurantes deveriam ser farmácias alimentares. A única diferença das farmácias actuais, é que estas apresentam alimentos para sanar a doença e as alimentares para conter a saúde.
Assim, deveríamos ter menus em que, para além do nome do alimento, não estivesse só o preço, mas também a sua composição (x de batatas, x de arroz, x de azeite, x de manteiga, x de bife, calorias , etc, etc) e além disso, como em qualquer remédio, a identificação laboratorial, ou seja, o nome do cozinheiro e respectiva identificação de carteira profissional.
Parece uma coisa do outro mundo, mas se virmos bem, a nossa saúde não depende dum bom farmacêutico (também depende), mas essencialmente dum bom cozinheiro. E é tempo de darmos volta ao assunto.
Mas, não pensemos que isto vai ficar por aqui. Certamente iremos ter mesmo as comidinhas feitas cientificamente, com um "restaurêutico" a informar que, para esta minha altura e este peso, eu só posso comer meio "bacalhau à lagareiro" e que, para isso tenho que comprar x gramas de bacalhaunicida, x de espinhóide, x de azeitina, x de batatina murroactive.
Só nos vai restar uma consolação: Já não precisamos da ASAE para estragar os nossos sabores que agora me apeteciam: uma bela feijoada à Transmontada, umas tripas à moda do Porto, uma açorda Alentejana, um bacalhau à Brás, um cozido à Portuguesa...
Fiquemos por aqui, que tenho que ir ao pequeno almoço: uma maçã com casca e tudo.
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