Pela actualidade, transcrevo esta carta, vinda hoje no 24 Horas, e enviada no início do ano de 2001, e que ainda não teve resposta:
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"Não, senhor ministro"
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Carta que o inspector Júlio Santos enviou ao então ministro da Justiça António Costa:
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"Não, Sr. Ministro!
Não sou a mesma pessoa que lhe escreveu há quatro anos e três meses nas páginas do "JN"! Chamo-me Júlio Santos, sou inspector-chefe e trabalho em Faro! Na altura era subinspector e chefiava a brigada da SRCB da PJ do Porto que protagonizou os acontecimentos em Carvalhosa, Marco de Canaveses, onde morreu o Sr. Agente João Melo!
Não, Sr. Ministro!
Não sou o mesmo, porque daí para cá tenho passado muitas noites sem dormir. As outras durmo pouco, na ansiedade de resolver o que parece não ter solução! (...)
Não, Sr. Ministro!
Ninguém se preocupou comigo ou com os funcioná¬rios que na altura me acompanhavam, e muito pouco li¬garam à família do João! O que nos aconteceu é inacreditável!
Não, Sr. Ministro!
Não vou mais ao cemitério de Bornes "falar" com o meu amigo João Melo porque tenho vergonha de lhe contar o que se está a passar!!! Ele, que era um homem íntegro, completo, em quem a sociedade que servia depositava as maiores esperanças, ia ficar desiludido, vazio de JUSTIÇA, sufocado de revolta! (...)
Não, Sr. Ministro!
Também não quero saber do que vai acontecer daqui para a frente, porque já não tenho cara para enfrentar os meus amigos, os meus filhos e todos aqueles que acreditaram que se faria JUSTIÇA e que nunca duvidaram da solução do problema! E a mim que perguntam! É a mim que criticam! É a mim que acusam!
Não, Sr. Ministro!
Não é justo!
(...) Eu continuo cá, abnegadamente, a cumprir com lealdade e coragem o meu papel. Faça com que outros cumpram também o seu, porque, quando tal, ninguém acredita que a JUSTIÇA é possível, que os BONS prevalecem sobre os MAUS, que vale a pena morrer por uma causa!
Não, Sr. Ministro!
Isto não pode voltar a acontecer! Tomara eu acordar agora dos sonhos que tenho tido com suores e tremores à mistura e concluir: isto não é verdade! E agora?"
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JÚLIO SANTOS AINDA ESPERA PELA RESPOSTA DE ANTÓNIO COSTA
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