"ENTRE NÓS E AS PALAVRAS,
O NOSSO DEVER DE FALAR"
Mário Cesariny, in:Pena Capital
Quarta-feira, 23 de Fevereiro de 2005
O CARRASCO DE SANTANA
No congresso do PSD alguém se sentiu fora do barco, e manifestou-se contra Santana, arrastando consigo alguns daqueles que , em alturas como estas deveriam estar ao lado daquele que, incondicionalmente, ajudou Durão Barroso e o Presidente da República. Esse alguém, pequeno no físico, mas raposa velha nas artimanhas políticas, foi Marques Mendes.
Não estou aqui para defender Santana, nem ele precisa das minhas defesas. Estou aqui para dizer que não sou parvo ao ponto de não perceber a razão das notícias das dicas dum tal "Silva", das críticas de Marcelo, dos malabarismos de Freitas do Amaral, do afastamento de Ferreira Leite e Leonor Beleza, entre muitos outros que se habituaram a, quando não lhes dão a "chucha", atiraram facadinhas às costas dos seus correligionários.
Santana agarrou um barco em águas agitadas, quando o timoneiro lhe pediu ajuda, uma vez que estava ceguinho para passar para o "porta aviões" europeu. Aqui, Santana, foi burro, como um tal de Isaltino. Ambos se deveriam ter deixado estar nos seus postos de retaguarda, como Luís Menezes e Rui Rio, senhores do seu pequeno mundo, onde continuam a ser admirados e prontos a agarrarem o leme assim que a oportunidade chegar.
Santana cometeu a "gafe" de querer ajudar o amigo, levado por aquela paixão (a paixão é irracional) que lhe conhecemos, na altura em que este, Durão, vislumbrava a sorte grande, sem ter que fazer nenhuma cruz.
Só que esqueceu-se que, um barco em tempestade, precisa muito mais dos ajudantes, marinheiros, que do homem do leme, porque o principal objectivo é segurar o barco à tona, mais que guiá-lo. E foi isso que aconteceu. De repente, o timoneiro estava sozinho, porque os marinheiros tiveram medo de irem ao fundo naquele barco e fugiram das suas responsabilidades, para não serem conhecidos e surgirem mais tarde, num barco diferente, como vitoriosos (hipócritas!), e senhores varões do sistema.
Perdeste, Santana. Porque a tua paixão (como sempre, na tua vida) te faz pensar demasiado a quente, sem reflexão mais profunda. Não quer dizer que não seja um importante e necessário timoneiro. Já o provou. Mas, para a próxima terá que analisar todo o pelotão e ver se não tem por ali uma cambada de cobardolas, prontos a fugir ao primeiro abanão.